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Importância da governança corporativa em administradoras de benefícios de saúde

Por Valquiria Brovini (*)

Conduzir uma administração com transparência, eficiência, seguindo uma conduta correta, honesta e tomando decisões assertivas se torna muito mais possível quando se aplica a governança corporativa. O tema é ainda novo no Brasil, mas deve nortear as boas práticas de gestão das empresas, indústrias, hospitais, inclusive de instituições de saúde.

O sistema de governança corporativa é baseado por alguns princípios:

Equidade – É a forma de orientar a organização, primando por um tratamento igualitário a todas as partes interessadas e levando em consideração seus direitos, deveres e expectativas em relação ao negócio.

Transparência – É a prática de tornar disponível aos envolvidos todas as informações e dados relativos à empresa, não somente aqueles exigidos em legislação, mas tudo o que envolve as ações gerenciais da companhia.

Prestação de contas – É necessário que os participantes na figura de gestores prestem contas de sua atuação de maneira clara e detalhada, assumindo a responsabilidade pelas consequências de seus atos, falhas e omissões.

Responsabilidade corporativa – Os agentes de governança trabalham pela sustentabilidade financeira e continuidade do negócio, sem se esquecer de zelar pela sua reputação, pelo nome da corporação, seu capital humano, intelectual e também pela responsabilidade social e ambiental da instituição.

As empresas administradoras de benefícios de saúde, muitas vezes, enfrentam dificuldades operacionais, pois o segmento envolve diversos departamentos, profissionais e parceiros. O setor administrativo tem ainda altas despesas com serviços terceirizados, garantindo a eficiência da operação — sem contar toda a regulamentação do setor, que deve ser seguida à risca.

Nessa situação, torna-se ainda mais fundamental adotar um sistema de governança corporativa para que a gestão seja descentralizada e siga uma série de regras que contemplem, além do exigido pela legislação, os interesses de todos os envolvidos — sócios, gestores, conselhos de administração, colaboradores e beneficiários.

Ao estruturar um sistema de boas práticas, estabelecendo uma conduta correta, transparente com princípios claros, a instituição realiza, ainda, a gestão de risco, já que há um planejamento das ações, racionalização e melhor aplicação de recursos e processos mais eficientes. Uma empresa na área de benefícios e planos de saúde que implementa a governança corporativa melhora sua reputação e credibilidade no mercado, porque demonstra que trabalha de maneira ética, organizada e transparente, garantindo o crescimento e longevidade do negócio.

Para que aconteça de forma correta e eficiente é necessário montar uma estrutura com Conselho de Administração, Auditoria Independente e Conselho Fiscal.

Conselho de Administração – É formado por membros que terão um papel estratégico na gestão, pois assumem os processos decisórios, além de analisarem resultados e o desempenho da instituição. É um conselho que, além de defender os princípios e valores da governança corporativa, tem como missão: escolher a auditoria independente; decidir com ética e imparcialidade os interesses de todas as partes; eleger e destituir quem assume a função executiva principal, pautados em motivos éticos.

Auditoria Independente – Responsável por auditar, fiscalizar e conferir se os dados financeiros estão de acordo com a realidade da organização. Realiza ainda a revisão e a avaliação de controles internos, fornecendo recomendações de melhorias nos processos quando necessário.

Conselho Fiscal – Tem como atribuição fiscalizar a atuação dos administradores, analisando o cumprimento dos deveres legais e estatutários. É o órgão que opina sobre as movimentações de recursos da organização, analisando os balancetes e demonstrações financeiras.

Adotar um sistema de boas práticas na gestão traz inúmeras vantagens, mas também desafios para sua implementação:

Descentralizar a gestão — a maior dificuldade é o gestor entender que é necessário descentralizar a gestão, que passará a contar com conselhos consultivos na tomada de decisões;

Estipular as hierarquias — as equipes de trabalho devem entender qual é o seu papel na organização e a quem devem se reportar em suas atividades;

Definir critérios sucessórios — a troca de lideranças pode trazer muita dor de cabeça se não houver regras estabelecidas para esse processo.

Conhecer os processos — as instituições precisam contar com profissionais que tenham conhecimento em governança corporativa para que todos os processos sejam realizados da maneira mais correta e para que essa forma de gestão traga resultados.

A governança corporativa deve ser implantada em todas as organizações, incluindo as administradoras de benefícios, para que se consiga fazer uma gestão mais transparente, eficiente, ética, eficaz e com a correta utilização dos recursos. Para que se tenha efetividade na implantação e perpetue essa prática, a recomendação é realizar treinamentos específicos, com conteúdo dirigido para as especificidades de empresas do setor.  

(*) Valquiria Brovini é diretora Executiva da CORPe Saúde.

Fonte: Ruco Comunicação, em 19.07.2022